
Regina foi embora e não deixou trapo de sua saia nem verbo do seu canto e foi pro canto.
Vira e mexe ela assopra no ouvido um sussurro de saudades...
E vive-se incansávelmente de forma mecânica, e o coração desprende do músculo e sai a se esvaziar dos sonhos, das vontades, dos desejos e anseios, das esperanças, das letras rabiscadas nos cadernos, dos lábios que não se tocam mais...
Cuspo desprazer, na ignorância do meu olhar. Choro minha culpa.
Ah, estou farta dessa briga de apelos, que pelos meios se questiona os fins.
Meu espírito o sabe, ignorante como é, o que sabe é pouco.
Mas ela vai por lá, a cantarolar seus desafios, disfarçando o medo atrás da porta do seu quarto, quando ninguém a vê.
Porque, entendo eu, quando lhe miram os olhos, seu próprio dom vira alvo.
Então ela dança, como dança sua língua no paladar de cada nota, para que não lhe atinjam com pedras nem flechas. Para que a perfeição venha a iludir a platéia, como se ilude uma música de amor e felicidade por trás de sentimentos não dignos de musicais.